Abaixo o rótulo plus-size: a tendência agora é o “my-size”

Abaixo o rótulo plus-size: a tendência agora é o “my-size”

A modelo americana Ashley Graham foi rotulada a vida inteira como “modelo plus-size” e há alguns anos resolveu se tornar uma ativista do corpo, defendendo a diversidade do formato do corpo das mulheres e a beleza que vem de dentro.

Ashley-GrahamAshley afirma que detestava responder a pergunta: “Qual a sua profissão?”, e ver as pessoas levantarem uma sobrancelha com desconfiança ao ouvirem que ela era modelo. Afinal, apesar de muito bonita, Ashley tem um corpo curvilíneo – ela veste tamanho 46.

Ela afirma ainda que, durante a adolescência, viu-se atormentada por padrões de beleza cruéis da indústria da moda, que exigem que as modelos sejam extremamente magras. Muitas vezes, ela ouviu que nunca poderia aparecer numa sessão de fotos para uma revista, e muito menos numa capa.

Contrariando as expectativas, Ashley cresceu cada vez mais na sua profissão, estampando não apenas várias capas de revistas, como também participando de desfiles de grifes mundialmente famosas e lançando sua própria marca de lingerie.

Agora, ela se juntou a outras modelos que também querem mudar os parâmetros do mundo da moda, uma indústria que movimenta bilhões todos os anos. Elas criaram a “ALDA”, um movimento que “representa a beleza sem divisões, limites e — mais importante — beleza que não se limita a nenhum tamanho ou formato de corpo”.

O coletivo é formado pelas modelos Danielle Redman, Inga Eiriksdottir, Julie Henderson e Marquita Pring, além de Ashley, e foi lançado em 2014. Alda significa “onda” no idioma da Islândia, país de origem de Inga.

alda_diversidadeAtravés de campanhas, palestras, eventos filantrópicos e outras atividades, elas tentam empoderar as mulheres, sobretudo as mais jovens, sempre passando a mensagem de que devemos amar nossos corpos como eles são, sem nos importar com as mensagens da indústria da moda.

Em relação ao rótulo “plus-size”, usado para rotular mulheres que não se encaixam nos padrões de magreza do mundo da moda, Ashley afirma que prefere a expressão “my-size” (que significa “meu-tamanho”, em inglês).

Em suas fotos, ela não esconde as celulites, pneuzinhos, gorduras localizadas e flacidez que acompanham todas as mulheres com curvas mais acentuadas. Ela afirma que a autoestima deve ser algo que independe de padrões sociais e que a indústria da moda deveria levar em conta os sentimentos das mulheres ao invés de querer que se encaixem em padrões.

Além do rótulo plus-size

As campanhas sobre a diversidade de corpos femininos estão cada vez mais ganhando espaço nas revistas, catálogos de moda, desfiles e TV. Mas o caminho ainda é longo e árduo. Se há um movimento que defende que todos os tamanhos e formatos de corpo são bonitos e saudáveis, há as “regras” da indústria fashion, que têm um forte impacto sobretudo sobre adolescentes e jovens mulheres.

O problema é que, quando as mulheres estão formando seu conceito de autoestima e imagem corporal, são influenciadas por mensagens de suas revistas, programas de TV, novelas, filmes e cantoras prediletas. Todas exprimem a mesma “opinião”: para ser bonita, sexy e saudável, uma mulher precisa ser magra.

Alda_belezaÉ preciso muita coragem e autoconfiança para desafiar o status quo, mas, graças a iniciativas como a Alda, as mulheres podem sonhar com um futuro melhor à frente.

Recentemente, a linha de produtos de higiene e beleza Dove também lançou uma campanha de valorização de diferentes corpos femininos.

“Beleza não é padronizada, reside na diversidade! Cada uma tem a sua. É um conceito não competitivo. Em matéria de beleza, não há ‘mais que’, mas ‘DIFERENTE DE’”, defende o psicólogo Marco Antonio de Tommaso, em artigo publicado no site da empresa.

A marca Natura também tem tentado valorizar a beleza natural, “real”, e a diversidade, escolhendo mulheres “normais” de todas as idades para ilustrar seus catálogos e campanhas, ao invés de contratar modelos. Lindas a seu próprio modo, essas mulheres nos convidam a amar nossos corpos, com todas as suas imperfeições.